Com a pandemia de COVID-19, o ano de 2020 trouxe mudanças radicais, ao nível das empresas e prospects, que se prolongam no tempo. Os períodos de confinamento e a suspensão de várias atividades alteraram rotinas e comportamentos em toda a sociedade. A utilização da Internet e as compras online dispararam para valores inéditos em Portugal.
A IDC prevê que, em 2025, a percentagem de portugueses que utilizam a Internet ultrapasse os 90%, convergindo com a média Europeia.
Fonte: Estudo IDC / ACEPI
Na Made2Web, estamos atentos a mudanças no mercado, e os resultados do estudo de Economia Digital em Portugal, na sua edição de 2020, levam-nos a acreditar que as empresas têm de pensar seriamente a sua presença no digital principalmente as que ainda não apresentam uma loja online.
A mudança de comportamento dos consumidores foi tão drástica que assistimos a um ponto decisivo da transição digital. Ou as empresas se adaptam agora a esta nova realidade e apostam no online, ou correm o risco de ficar para trás face à concorrência.
Os 10 dados mais relevantes dos estudo
O Consumidor Online
Este estudo anual sobre a evolução da Economia Digital em Portugal abrange diversos domínios:
- Transformação digital;
- Utilização da Internet pelos Consumidores;
- Presença das Empresas na Internet;
- Comércio electrónico.
Os resultados de 2020 permitem tirar conclusões importantes sobre o comportamento do consumidor e o crescimento do comércio online no nosso país.
1. Penetração da Internet em Portugal
Fonte: Estudo de Economia Digital em Portugal, desenvolvido pela IDC em parceria com a ACEPI
As consequências da pandemia de COVID-19 estão refletidas num crescimento mais rápido do número de utilizadores de Internet aproximando Portugal da média europeia. A previsão é de um crescimento superior em 2% face ao que era esperado, enquanto que a média europeia cresce apenas 1%.
2. Percentagem de utilizadores que compram online
Fonte: Estudo de Economia Digital em Portugal, desenvolvido pela IDC em parceria com a ACEPI
Apesar de estar ainda abaixo da média da Europa, o aumento nas compras online em Portugal foi superior ao esperado. Aqui mais uma vez o aumento do crescimento esperado é superior ao da média da União Europeia. Mas o mais interessante é o crescimento de 6% de 2019 para 2020 em Portugal. Com a quarentena obrigatória, muitos dos utilizadores adotaram as compras online.
3. Número médio de compras online por mês
Fonte: Estudo de Economia Digital em Portugal, desenvolvido pela IDC em parceria com a ACEPI
De salientar que, não só há mais utilizadores a comprar, como estes também compram mais online. 43% destes consumidores compram mais do que 5 vezes por mês e 30% entre 3 a 5 compras, o que são dados impressionantes.
4. Compras online em lojas portuguesas Vs lojas estrangeiras
Fonte: Estudo de Economia Digital em Portugal, desenvolvido pela IDC em parceria com a ACEPI
A maioria dos portugueses faz compras em websites estrangeiros, o que é catastrófico para as empresas em Portugal, especialmente numa altura de pandemia como a que vivemos, em que os consumidores não podem visitar as lojas físicas, ou pelo menos não tanto como em anos anteriores. Apenas 9% afirma que não compra em sites estrangeiros e 23% faz a maioria das compras em sites nacionais, o que significa que a percentagem de utilizadores a comprar tendencialmente fora é demasiado elevada, 27%. Os restantes 41% são de utilizadores que não se preocupam onde compram, se em Portugal ou no estrangeiro.
5. Motivos para compras online no estrangeiro
Fonte: Estudo de Economia Digital em Portugal, desenvolvido pela IDC em parceria com a ACEPI
A falta de lojas online portuguesas é o 2º motivo mais votado para justificar as compras no estrangeiro, com 48%. Isto mostra a crescente importância da criação de e-commerce para as nossas marcas em Portugal. Se não houver mais oferta, este valor irá continuar a aumentar e o retorno das empresas portuguesas irá diminuir.
Em 84% das vezes os portugueses afirmam que, em sites estrangeiros, os preços são mais atractivos. Ou seja, as empresas portuguesas ainda não são competitivas online. Este ponto também é bastante relevante, mostra que ter apenas uma loja online não é solução, esta deve apresentar vantagens ao utilizador face a comprar no estrangeiro.
6. Países onde mais compram os portugueses
Fonte: Estudo de Economia Digital em Portugal, desenvolvido pela IDC em parceria com a ACEPI
É na China que os portugueses fazem mais compras online, em websites como o Aliexpress, por exemplo. Este país representa 66% das compras, o que é preocupante. Ou seja, os utilizadores estão dispostos a ter um tempo de entrega superior e até a problemas alfandegários a comprar em Portugal.
Depois da China, seguem-se Espanha e Reino Unido, onde podemos apontar a Amazon como exemplo de loja online de sucesso.
7. Lojas nacionais preferidas dos Portugueses
Fonte: Estudo de Economia Digital em Portugal, desenvolvido pela IDC em parceria com a ACEPI
Quando os utilizadores compram em Portugal, destacam-se lojas online como a Worten ou a Fnac. Para além do retalho electrónico, as lojas de roupa estão também na lista de favoritos dos portugueses. Podemos ver que os gigantes do offline são também os preferidos do online. Bilheteiras e empresas eram já expectáveis de terem uma elevada percentagem de preferência.
O desafio aqui é conseguir tornar a sua marca numa das preferidas do seu público-alvo para a compra online.
8. Valor médio de compras online
Fonte: Estudo de Economia Digital em Portugal, desenvolvido pela IDC em parceria com a ACEPI
Em 2020 o valor de compras até 100€ diminuiu, aumentando o valor entre 500€ e 1.000€, praticamente por correspondência. Isto demonstra que os utilizadores passaram a gastar mais no online. No entanto, como são ainda poucas as empresas portuguesas com lojas online, esses valores estão a ir maioritariamente para fora do país, ou seja, as nossas empresas não estão a crescer com as mudanças de hábitos dos consumidores, como deveriam.
9. Impacto da COVID-19 no número de compras online
Fonte: Estudo de Economia Digital em Portugal, desenvolvido pela IDC em parceria com a ACEPI
59% dos utilizadores afirmam que aumentaram o seu volume de compras online devido à COVID-19, o que até era expectável que acontecesse. Mas se assim era, porque não vimos também a oferta online a aumentar?
O valor do Comércio Electrónico
Hoje em dia, é notória a tendência crescente do e-commerce. Os portugueses descobriram, por força da pandemia, que comprar online é confortável e é cada vez mais seguro. Todos os indicadores sugerem que, mesmo num futuro pós-pandemia, estes hábitos de consumo tendem a aumentar.
10. Valor do comércio electrónico em Portugal
Fonte: Estudo de Economia Digital em Portugal, desenvolvido pela IDC em parceria com a ACEPI
De 2019 para 2020 tivemos um crescimento nos valores de comércio electrónico de praticamente 10 mil milhões de euros! Um aumento bastante significativo, quando comparado com os anos anteriores.
Este valor é especialmente importante em empresas B2C, onde o valor é bem mais baixo que em B2B, ou seja, onde existe uma menor aposta. Aqui, o crescimento esperado é de mais 1.3 mil milhões de euros, uma diferença de 0,8 mil milhões de euros face ao esperado pré COVID-19.
As empresas B2B têm também um aumento importante de 13 mil milhões de euros mas com pouca alteração ao que era esperado antes da pandemia.
Resultados que comprovam a mudança de comportamento
Caso de uma Loja de Materiais de Construção e Reabilitação
Número vendas e valor médio mensal antes e após uma loja online
A empresa não tinha uma loja online até Junho de 2020, ou seja, na primeira quarentena, a marca não acompanhou a mudança de comportamentos a que o confinamento exigiu. O website permitia a encomenda dos produtos mas sem existir um pagamento. Este processo era sempre posterior à compra no website. Mesmo assim, a marca conseguiu sentir uma ligeira subida das encomendas face ao que era habitual.
Mas o verdadeiro boom veio a partir de Junho assim que a loja ficou online.
A marca viu o número de encomendas médio subir de 10 para 52 compras mensais, o que significou um aumento de 1500% no valor de vendas online.
Caso de um Spa’s
Número vendas e valor médio mensal antes e durante a pandemia
Este Spa já apresentava uma loja online antes da pandemia, no entanto, é um negócio não essencial e que sofreu muito fisicamente com a pandemia, porque viram-se obrigados a fechar portas por diversas vezes. No entanto e apesar dos espaços estarem fechados e de ser uma área de negócio sensível em relação à COVID-19, foi um negócio que apesar de não ter crescido no digital em termos de vendas também não viu o seu retorno diminuir, uma vez que o número e valor de vendas se manteve praticamente inalterado.
Seria expectável que sem espaços abertos, sem investimento pago em campanhas que o número de compras diminuísse de forma considerável. Mas isso não aconteceu.
O momento decisivo para apostar no E-commerce? É agora!
As empresas de comércio a retalho precisam de agarrar o consumidor nacional agora. As compras online estão a disparar e as marcas que não invistam no comércio electrónico estão a perder terreno para a concorrência, tanto nacional como internacional.
É preciso apostar na transformação digital das empresas, actualizar os modelos de negócio e aproveitar a alteração de comportamento do consumidor. É urgente criar lojas online funcionais, que proporcionem uma experiência de compra rápida e agradável, para fidelizar clientes.
Nota: Este artigo foi escrito tendo como referência o estudo de Economia Digital em Portugal, desenvolvido pela IDC em parceria com a ACEPI.